segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Pandora's Box

um novo ciclo. um próximo ano. um tão esperado (re)começo. a pausa em que, de lado, ausentarei-me do que conecta. desconexo tempo. um próximo ano.




::ao coração do lado de lá, um desejo íntimo de PAZ, em branco e preto, destilado em uma caixinha de pandora que eu mesma, em mãos pequenas, fiz a você.

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[2008/2009]

sábado, 27 de dezembro de 2008

Sonhos


New York New York



...um grande suspiro, o conformismo que nunca quis, aquele que quer e não deixa, sem tempos nem rima. Uma vontade sem igual do que passou, do que vivi, uma vida que restou pela metade do que se fez.

Vontade essa de...
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(...) um dia você.

Beautiful

[ Such pretty hair May I kiss you May I kiss you there So beautiful you are So beautiful Please don't move It feel so good to me Hmm tell me my Beautiful Beautiful So very beautiful So beautiful Beautiful So beautiful ]

Becoming

I scratch
I struggle
I breathe

(...)

Pernas

Viver, sem medo, nem chaves. Apenas pernas e pulmão: a VIDA.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Sim, ele é.


O amor simplesmente é.
Hora de dormir, apagar os dias, viver os sonhos, restaurar a alma, lembrar ou esquecer. Hora de partir? Hora, simplesmente hora. Como dito, hora exata de dormir.

Rage more!

[Já sentiu sede? E então abriu uma caixa de leite, começou a beber… e estava azedo? Eu fiquei assim por dentro... Estou cansada... ...para sempre]

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O Amor e o Tempo: dialogo abstrato

Johnny Guitar - How many man have you forgotten?
Vienna - As many woman as you've remembered.
Johnny Guitar - Don't go away.
Vienna - I haven't moved.
Johnny Guitar - Tell me something nice.
Vienna - Sure. What do you want to hear?
Johnny Guitar - Lie to me. Tell me all these years you've waited. Tell me.
Vienna - All these years I've waited.
Johnny Guitar - Tell me you've died if I hadn't come back.
Vienna - I would have died if you hadn't come back.
Johnny Guitar - Tell me you still love me like I love you.
Vienna - I still love you like you love me.
Johnny Guitar - Thanks. Thanks a lot.

Natal



um natal em que os sinos, em silêncio, deixarão o meu coração em mãos do acaso. distante das badaladas. apenas tristeza, o fim de uma canção. a mais bela das canções. um natal em que os sentidos serão os mesmos. pensamento longe.
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Mix

difícil definição que não cabe a mim. não. definitivamente não. responda-me eu: quando o silêncio fara de vc esquecimento? odeio-me na lembrança que por ora refaço-me, outro dia destrói. um mix: amor, ódio, saudade, mágoa. um mix: de mim e de você. uma sensação amarga e doce, quero e não quero. um eu tão eu que se perde na memória em que insisto olhar ao espelho. espelho esse que existe apenas no mundo mágico de um dia fernanda. um mix. tira-me o coração. um pedido, suplício, uma oração de paz. o recomeço. inaceitável (re)começo cravado no peito.

..

A Sorta Fairytale

Uma canção:

On my way up north

up on the Ventura
I pulled back the hood
and I was talking to you
and I knew then it would be
a life long thing
but I didn't know that we
We could break a silver lining

And I'm so sad
like a good book
I can't put this day back
a sorta fairytale
with you
a sorta fairytale
with you

Things you said that day
up on the 101
the girl had come undone
I tried to downplay it
with a bet about us
you said that you'd take it
as long as I could
I could not erase it

And I'm so sad
like a good book
I can't put this day back
a sorta fairytale
with you
a sorta fairytale
with you

And I ride along side
and I rode along side you then
and I rode along side
till you lost me there
in the open road
and I rode along side
till the honey spread itself so thin
for me to break your bread
for me to take your word
I had to steal it

And I'm so sad
like a good book
I can't put this day back
a sorta fairytale
with you
I could pick back up
whenever I feel

Down New Mexico way
something about the open road
I knew that he was
looking for some indian blood and
find a little in you, find a little in me
we may be on this road
but we're just imposters in this country, you know
so we go along and we said we'd fake it
feel better with Oliver Stone
till I almost smacked him
seemed right that night
I don't know what takes hold
out there in the desert cold
these guys think they must
try and just get over on us

And I'm so sad
like a good book
I can't put this day back
a sorta fairytale
with you
a sorta fairytale
with you

And I was ridin' by
ridin' along side
for a while, till you lost me
and I was ridin' by
ridin' along, till you lost me
till you lost me in the rear view
you lost me, I said

Way up North, I took my day
all in all was a pretty nice day
and I put the hood right back where
you could taste heaven perfectly
feel out the summer breeze
didn't know when we'd be back and I
I don't, didn't think
we'd end up like
like this





Discover Tori Amos!

Hino à sabedoria

Mais uma vez, repito, ou melhor, grito: Felizes os que esquecem, pois aproveitam até mesmo seus piores equívocos.

domingo, 21 de dezembro de 2008

DEUS

[Hilda Hilst]

Deus pode ser a grande noite escura
E de sobremesa
O flambante sorvete de cereja.
Deus: Uma superfície de gelo ancorada no riso.

A ponte

(Brooklyn Bridge)

Eis a ponte entre o mundo e o sonho,

aquela que me leva para o lado de lá

é a mesma que espero por tecer a mim a reciprocidade do que sou e do que quero do lado de cá.


..

.

Estou hoje no lado de lá.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Q.S.P. (quantidade suficiente para)

PARTIR. Chegou a hora de arrumar as malas e sair de fininho. Deixar a casa vazia e os sonhos de outrora bagunçados na roupa suja. Chegou a hora de abrir a porta e não olhar para trás; não temer a conquista da perda e, sequer, voltar atrás.

Foi dada a largada!

Agora é aguardar a chuva e lavar a alma. Não importa se a água for impura: o que importa é o que para a alma ela significa. Saio de casa, mas deixo minha lembrança, tempos que não são mais. Foi acreditando num prazo de validade que deixamos o doce amargar.

O fim: tão certo como o começo (in)findo.

...

Na incongruência do que me restou dessa manhã, aprendi que o medo é o limite dos medíocres. Tenho em mim a reverência pelo saber e não abro mão disso. Diante do cinza que penetra minhas horas, sei que posso contar com o sorrisinho homeopático que acalma e afasta qualquer tristeza e faz meu coração bater mais forte.

Destino

No fundo, a sabedoria do destino é a nossa própria. Porque a acompanhamos com uma consciência incessante daquilo que, no fundo, nos é permitido fazer. Podemos estar sujeitos a algumas tentações mas nunca nos enganamos. Agimos sempre no sentido do destino. As duas coisas formam uma só. Quem se engana é porque ainda não compreende o seu destino. Quer dizer, não compreende qual a resultante de todo o seu passado - o qual lhe indica o futuro. Mas quer o compreenda ou não, indica-lho à mesma. Cada vida é aquilo que devia ser.

[Cesare Pavese]



Não quero iludir-me uma vida inteira com a falsa presença da sabedoria. O Destino a mim é certo e não canso de dizer isso.

3 Times

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.

Vinícius de Moraes..........
.
.
......

E quando este meu tempo será apenas meu e de mais ninguém? E quando este meu tempo calará as horas e viverá os dias? Se nasço amanhã, quando serei eu hoje?

Meu tempo é QUANDO (ou ENQUANTO)

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Mil Anos

Mil anos são um instante. Nada novo ou diferente. O mesmo padrão em sua própria repetição: aquelas nuvens e músicas sentidas há uma hora ou há uma eternidade atrás. Não há nada aqui, nada agora. Nada.
Sim, agora me lembro! Isso já me aconteceu.. e por isso parti. Estou encontrando respostas. Ainda que pareça difícil, a recompensa será ótima.
Exercite a mente tanto quanto possível, mas é só exercício. Construa coisas lindas, resolva problemas, explore os segredos do universo. Aprecie os estímulos dos sentidos. Sinta alegria, dor, riso, compaixão e guarde a memória em sua sacola. Lembro-me de onde vim e como me tornei humano pq fiquei aqui. Agora, é hora da partida final. A saída. Fugindo da velocidade. Não só da eternidade, infinito.

Hoje não tem luar(..)



Acordei sem vontade de ver o Sol. Acordei, na verdade, resumida a um 5 de copas.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Tentativas Estáticas

Estranho corpo que a mim se estende ao chão. Quieto. Muito quieto, de olhos grandes, a me observar, como se na surdina, porém próximos de meus dias. Um corpo entorpecido por ele mesmo, sem movimentos, apenas pecados. Um corpo que segurei, segurei, segurei e nada.

Soltei-o, por entre os dedos, o peso morto que a mim tentei, tentei, tentei...e nada.

Talvez um dia aquele corpo, ao chão partirá. Enquanto isso, tira-me os dedos, aborta-me a dor e salva o corpo que deixei ao chão. Cansei de tentar, tentar, tentar...e nada.

A perda

Quando os nossos erros causam dor e a pele amada sofre a ferida cometida, o tempo faz-se por milagrosa cura. E é neste tempo, em que a insegurança se sustenta como pilar de nossas promessas, que descubro o meu desafio: não adianta apressar o relógio, se quer mandar flores, não adianta gritar “eu te amo’, não adianta suplicar pelo perdão. Adianta encontrar no impulso de querer da ferida, uma cicatriz, a dor de entender a perda. A perda de um milésimo de amor do nosso amor, a perda de confiança, o medo de errar, o receio do próximo passo.

Encontrei a minha queixa, destilei o meu pecado, dou as boas-vindas à impulsividade e despeço-me desta amordaça que fere a carne amada.

Foolish Games

You took your coat off and stood in the rain
You were always crazy like that
I watched from my window
Always felt I was outside looking in on you

You were always the mysterious one
With dark eyes and careless hair
You were fashionably sensitive, but too cool to care
Then you stood in my doorway, with nothing to say
Besides some comment on the weather

Well in case you failed to notice
In case you failed to see
This is my heart bleeding before you
This is me down on my knees

These foolish games are tearing me apart
Your thoughtless words are breaking my heart
You're breaking my heart

You were always brilliant in the morning
Smoking your cigarettes, talking over coffee
Your philosophies on art, Baroque moved you
You loved Mozart and you'd speak of your loved ones
As I clumsily strummed my guitar

You'd teach me of honest things
Things that were daring, things that were clean
Things that knew what an honest dollar did mean
So I hid my soiled hands behind my back
Somewhere along the line I must've gone off track with you
Excuse me, think I've mistaken you for somebody else
Somebody who gave a damn
Somebody more like myself

You took your coat off and stood in the rain
You were always crazy like that

[lembranças várias(...)]

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A Lagoa de Lágrimas


“Você deveria estar envergonhada de si mesma”, disse Alice, “uma menina crescida como você (ela bem podia dizer isso...) chorando desse jeito! Pare agora, eu lhe ordeno!” Mas ela continuou do mesmo jeito, derramando galões de lágrimas, até que houvesse um grande lago ao seu redor, com quase meio palmo de fundura, estendendo-se por metade da sala!

Depois de um tempo ela ouviu pisadinhas ao longe e rapidamente secou os olhos para ver o que vinha vindo. Era o Coelho Branco voltando, muito bem vestido, com um par de luvas brancas em uma mão e um grande leque na outra: ele vinha trotando com muita pressa, resmungando consigo mesmo: “Oh! Ela vai me matar se eu a fizer esperar!”


Alice sentia-se tão desesperada que estava pronta para pedir ajuda a qualquer um: então, quando o Coelho chegou perto dela, a menina começou com uma voz baixa, tímida: “Por favor, Senhor...” O Coelho parou violentamente, derrubando as luvas brancas e o leque, e disparou em direção à escuridão tão rápido quanto pôde. Alice apanhou o leque e as luvas, e, como a sala estava muito quente, começou a abanar-se enquanto falava:


“Puxa! Puxa! Como tudo está tão estranho hoje! E ontem as coisas estavam tão normais! O que será que mudou à noite? Deixe-me ver: eu era a mesma quando acordei de manhã? Tenho a impressão de ter me sentido um pouco diferente. Mas se eu não sou a mesma, a próxima questão é “Quem sou eu?” Ah! esta é a grande confusão!” E Alice começou a pensar em todas as crianças que ela conhecia e que tinham a mesma idade dela, para ver se tinha se transformado em alguma delas.

“Eu tenho certeza que não sou Ada”, ela disse, “porque os cabelos dela são enrolados e os meus não. E eu tenho certeza que não sou Mabel porque eu sei muitas coisas e ela, oh!, ela sabe tão pouco! Além disso ela é ela e eu sou eu e...puxa, que confuso isso tudo é! Vou tentar ver se ainda sei tudo que sabia.

Deixe-me ver 4 vezes 5 são 12 e 4 vezes 6 são 13 e 4 vezes 7 são...nossa! Eu nunca vou chegar a vinte desse jeito! Entretanto a tabuada não quer dizer nada: vamos tentar Geografia. Londres é a capital de Paris, Paris é a capital de Roma, e Roma é...não, não, está tudo errado. Eu tenho certeza! Eu devo ter me transformado em Mabel! Eu vou tentar recitar “A abelhinha atarefada”. Ela cruzou então as mãozinhas sobre o colo como se estivesse na escola e começou a recitar a poesia, mas sua voz soava rouca e estranha e as palavras não vinham como de costume:


Olha o pequeno crocodilo,

Mexendo sua cauda brilhante,

Espalha as águas do Nilo,

Que alegria!

Como ele fica feliz,

Que patas bonitinhas,
Bem vindos peixinhos,

Que dentões enormes!!!


“Tenho certeza que estas não são as palavras corretas”, disse a pobre Alice, e seus olhos ficaram cheios d’água novamente. “Eu devo ser Mabel, afinal, e eu vou ter que ir e viver naquela casa tão pequena, e quase não ter brinquedos para brincar, e oh, ter sempre tantas lições para aprender! Não, não vou me convencer disso: se eu sou Mabel, eu vou ficar aqui embaixo.

Não adianta eles colocarem suas cabeças para baixo e dizer, “venha para cima, querida”. Eu vou simplesmente olhar para cima e dizer “Quem sou eu? Digam-me isso primeiro e depois, se eu gostar de ser a tal pessoa, eu subirei: se não, vou ficar aqui até ser outra...mas, puxa”, e Alice começou a chorar, com uma súbita explosão de lágrimas.


“Eu queria que eles olhassem para baixo! Eu estou tão cansada de estar aqui sozinha.”

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A Promessa

Os Amantes

Ana: "Vou esperar aqui o quanto for necessário.
Estou esperando pela coincidência da minha vida. A maior.
Encontrei muitos tipos de coincidência.
Coincidências formam o caminho da minha vida."

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Verbo Eu

Sinto sono, cansaço... falta de digestão. Deve ser ânsia de mim mesma: corpo pela metade. Sou a falta de palavras, o brilho ingênuo de olhos avessos ao meu sentimento, sou uma tarde toda de domingo sem sol, sem chuva, sou música. Sou augusta, pequena paulista, um dia de pernas para o alto: menina-poesia. Sou você, um retrato de mim. Nós.

Recortes

Respirou fundo. E mais uma vez, aquela sensação de enjôo e desgosto que assombrava o pulmão daquela menina-demônio. Os sentidos tornaram-se tão reais e próximos. Não mais distante como antes... ...como todo antes: REAL. Simples por ser apenas, sem mistério.

Hoje, o dia amanheceu com as cores mais lindas, mesmo tendo a menina-demônio sonhado: aqueles olhos souberam cativa-la. O céu se encheu de nuvens, carregadas de tempestade. Era o anúncio do ADEUS breve que não queria nunca partir. Sem estrelas, nem guarda-chuva. Uma chuva de pesadelos que assombrou todo o céu naquela manhã.

Devastador como uma tempestade de pedras, a menina-demônio tornou-se sozinha por não mais ter forças. Ela era fraca, impossibilitada de erguer a mão e aceitar desafios. Era medo de se perder, se perder em terras não conhecidas. E, mesmo que não se anuncie nos classificados, aquelas terras um dia serão descobertas e até mesmo amadas.

Mas não agora.

Hoje, a menina-demônio está fechada para reformas. Não é a fachada que a assusta, mas a madeira esburacada que sustenta aquela casa. Até quando aquele chão aguentará o peso de seus pés já crescidos?

Sinais de Plástico


Traia os sinais, perca-me do verdadeiro, seja real e cresças homem. Prenda-te no mínimo, e mínimo ainda terás de mim. Perceba o toque e verás que o plástico que em mim embrulha, não é real. Veja dentro, não fora. Hora de teu suspiro também.

Dulce est desipere in loco

::Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isso não tem importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado. [William Shakespeare]





::Há sonhos que devem ser ressonhados, projetos que não podem ser esquecidos. [Hilda Hilst]

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outros que nunca existiram e continuamos sonhando.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Palavra s Suja s

Um instante

Aqui me tenho
como não me conheço
nem me quissem começo
nem fimaqui me tenho
sem mimnada lembro
nem sei
à luz presente
sou apenas um bicho
transparente

....ferreira.gullar....

............................................................Um suspiro...
breve e seco (sem poesia). Como deveria ter sido o que não foi. Música e notas presas na garganta. Palavras soltas.Um grito.
Liberdade?
Não.. ...apenas um rato percorrendo a imundice da rua...
das muitas ruas e muros de uma cidade perdida. A minha cidade. O meu pulmão.....
A minha única poluição..


...soundtrack: Ramblin’Woman, Cat Power

Compreendendo...

"(...) Mas de vez em quando vinha a inquietação insuportável: queria entender o bastante para pelo menos ter mais consciência daquilo que ela não entendia. Embora no fundo não quisesse compreender. Sabia que aquilo era impossível e todas as vezes que pensara que se compreendera era por ter compreendido errado. Compreender era sempre um erro - preferia a largueza tão ampla e livre e sem erros que era não-entender. Era ruim, mas pelo menos se sabia que se estava em plena condição humana."
CL

Nem roxa, nem verde

Repouso absoluto, sem manha nem choro: o diagnóstico é exato e sem margem para outras interpretações. Interpretações por ora demasiadamente condenáveis ao frágil pulmão.

A menina calou. Preparou-se um chá, vestiu a roupa de domingo, esticou as pernas e se pos ao não-pensamento. Abstraiu-se de suas dores e riu diante do noticiário das seis.

Hoje estou assim: nem roxa nem verde: estou cinza de mim e de você. Apenas uma gripe passageira que necessita de descanso para amanhecer noutro dia de setembro e continuar o retalho da vida cantarolando em alto som a nossa cantiga antiga. Assim sem pausa, ausência determinante da tranquilidade de dias anteriores...agora meses.

A menina descansou em paz por um dia inteiro... um dia inteiro de 365 horas e 12 minutos de 30 segundos. Acordou, escovou os dentes e tomou o ônibus.

[nao me espere acordada, amor. hoje não volto para teus braços. vou-me ao médico curar esta dor que não cansa de esperar. não ame demais. não me queira de menos. apenas ame. apenas queira]

....amanha um dia como todos os outros de sua ausencia: sem nem com.

O Diagnóstico

Era tarde lá fora. Escurecia o dia no coração da Menina que acabara por receber o diagnóstico de uma vida inteira: M-I-O-P-I-A.
Ela sofrera a disfunção de seu olhar por tanto tempo que agora o sofrimento era inevitável.

A Menina chorou e se fez chorar.

Lamentou seus sofrimentos e angustias naquela tarde escura que, pela primeira vez, o verão adiou sua graça, dando espaço para a outonal estação das folhas mortas. Todos os sonhos, as doces melodias, os erros perdoáveis, a outra menina, as vozes de saudade, as juras de amor e o porvir da eternidade estavam findados diante a realidade de seus novos olhos de vidro.

Tudo agora era cinza, poluído, impossível e perdido. Todo o futuro se refletiu numa lembrança apenas de um passado que não foi. A Menina se sentiu Julieta, traída por seus anseios e desmentida por acreditar, apenas acreditar que um dia... ...um dia conseguiria terminar essa frase que agora ganhara um especial ponto-final.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

sentidos sem sentido (Artaud)

potam am cramkatanam anankretakaraban kretatanaman anangterakonaman kretae pustulam orentamtaumer dauldi faldistitaumer oumertena tana di likunchta dzerisdzama dzena di li
farfadi
ta azor
tau ela
auela
a
tara
ila


.
.

Sintomas


Olhei-me para dentro. Não mais, as pupilas se abriram para mim. Entrei. Era escuro e empoeirado, era frio. Sem janelas, quadros ou flores, eu vi ali um quarto vazio. Lançado ao chão, um novelo vermelho perdido e velho. Peguei-o para mim e, sem pensar, já o amava. Tentei encontrar a ponta mais próxima e conhece-lo por sua essência, porém o nó não permitira. Olhei para minhas mãos que de tanto tentar, encontravam-se sujas de uma sensação familiar, sujas de um sintoma, de um medo, amor. Assustei-me. Lançado o novelo ao outro lado do quarto, prendi-me à parede mais próxima. Era medo apenas. Encolhi-me toda, dos dedos à cabeça. Não queria sentir. Pensei em sair, mas notei a falta de portas. O calor, nova sensação, aquietou-me em silêncio. Num suspiro ensaiado, regressei os pés ao chão e segui rumo ao novelo. Decidi, mesmo com medo, tirar todos os nós daquele pedaço de pano que tanto parte de mim fazia. Descobri-me feita de panos e desconstruí, linha a linha, meus desejos, lembranças e nós. Fui me conhecendo por quem não era. O tempo passou e de luvas, fiz um novelo. Luvas vermelhas: uma parte de mim. Pronta, aceitei o que a mim havia sido dado. Com um pedaço de giz que guardava em meu bolso, rabisquei a minha saida. Sai. Arrumei a casa e me vi, diante um espelho. Com pupilas fechadas e um lindo par de luvas vermelhas, tornei-me favo, nobre bailarina.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Even Angels fall


You found hope
You found faith
Found how fast she could take it away

Found true love
Lost your heart
Now you don't know who you are

She made it easy
Made it free

Made it hurt till you couldn't see
Sometimes it stops
Sometimes it flows
But baby that's how love goes

You will fly and
You will crawl
God knows even angels fall
No such thing as you
Lost at all
God knows even angels fall

Its a secret no one tells
One day its heaven
One day its hell

It's no fairytale
Take it from me
That's the way its supposed to be

You will fly and
You will crawl
God knows even angels fall
No such thing as you
Lost at all
God knows even angels fall

You laugh
You cry
No one knows why
But all the thrill I lead on

Your on the ride you might as well
Open your eyes

You will fly and
You will crawl
God knows even angels fall
No such thing as you
Lost at all
God knows even angels fall

I am...fine


Discover Counting Crows!


I am ready.
I am ready.
I am ready.
I am...fine.
I am.... fine.
I am fine.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Primeiros Passos: o voo


Descubro-me caçadora de tulipas.


If I leave here tomorrow
Will you still remember me ?
Cause I'm as free as a bird now
And this bird, you'll never change

Amém

Nietzsche: Abençoados os que esquecem, porque aproveitam até mesmo seus equívocos.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Perca-se de mim


Tira-me de mim teu fantasma. Restaura-me a paz. Com ou sem amor, peço-te: restaura-me a paz.

Time and time again



I wanted so badly
Somebody other than me
Staring back at me
But you were gone
I wanted to see you walking backwards
And get the sensation of you coming home

I wanted to see you walking away from me
Without the sensation of you leaving me alone
Time and time again
Time and time again
Time and time again
I can't please myself

I wanted the ocean to cover over me
I wanna sink slowly without getting wet
Maybe someday, I won't be so lonely
I'll walk on water every chance
I get

Time and time again
Time and time again
Time and time again
I can't please myself

So when are you coming home
Sweet Angel?
You leaving me alone?
All alone?
Well, if I'm drowning darling

You'll come down this way on your own I wish I was travelling on a freeway
Beneath this graveyard western sky
I'm gonna set fire to this city
And out into the desert
We're gonna ride

Time and time again
Time and time again
Time and time again
I can't please myself

O suspiro

às vezes, não mais que às vezes, desisto de respirar. o ar que antes percorria o espaço ao meu redor perde-se do caminho, o sangue avermelha, o coração palpita fortemente: a lágrima chora.
travo-me na busca do que poucos chamam felicidade, eu chamo vida.

Alice: Why isn’t love enough?

As Horas

Virginia: Não se pode ter paz evitando a vida.

E é neste momento em que olho fixa ao espelho e penso: preciso viver com ou sem você. E, num suspiro seguinte, respondo o que não foi perguntado a mim mesma: hoje, sem você.

Anestesia Local

às vezes.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Futuros Amantes

Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar
E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisasSua alma, desvãosSábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização
Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

[fuga para um rio de janeiro que brotou em mim e não solto mais]

Vida

Começo a viver.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Unhas Vermelhas


Trago a mim a roupa de domingo para que a tristeza ignore o caminho e, num trajeto desesperado, perca-se de mim.

Coração entregue hoje à manutenção. Aguardo com número e senha sua chegada. Enquanto isso, respiro...inspiro, respiro

e

vou.


Dan: What’s so great about the truth? Try lying for a change - it’s the currency of the world.

Estranheza matinal

Como pode a dor criar forças, mais ainda, a mim, que não mais peço por sofrer? Como posso assim viver? Gostaria de dormir e deixar morrer em mim parte inteira do meu coração e então estarei pronta para despertar e voltar a viver. Mas não agora que para muitos o céu é azul, para mim, vejo ainda cinza.
Tamanha frieza poderia ao menos secar as malditas lágrimas que em mim odeio. Fujo do meu reflexo.

Vivo na inércia de mim mesma.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Arrependes-te

Enforca-te, e arrependes-te; não te enforques, e na mesma te arrependes. É esta, meus senhores, a soma e substância de toda a filosofia.

[Kierkegaard]

Paris, 02/12/2018


A quoi ça sert, l'amour ? On raconte toujours Des histoires insensées
A quoi ça sert d'aimer ?
L'amour ne s'explique pas ! C'est une chose
comme ça ! Qui vient on ne sait d'où Et vous prend tout à coup.

Moi, j'ai entendu dire Que l'amour fait souffrir, Que l'amour fait pleurer,
A quoi ça sert d'aimer ?
L'amour, ça sert à quoi ?
A nous donner d'la joie Avec des larmes aux yeux...
C'est triste et merveilleux !
Pourtant on dit souvent
Que l'amour est décevant Qu'il y a un sur deux
Qui n'est jamais heureux...

Même quand on l'a perdu L'amour qu'on a connu
Vous laisse un gout du miel - L'amour c'est éternel !

Tout ça c'est très joli, Mais quand tout est fini Il ne vous reste rien
Qu'un immense chagrin...

Tout ce qui maintenant
Te semble déchirant Demain, sera pour toi Un souvenir de joie !

En somme, si j'ai compris, Sans amour dans la vie, Sans ses joies, ses chagrins,
On a vécu pour rien ?

Mais oui! Regarde-moi !
A chaque fois j'y crois ! Et j'y croirait toujours...
Ça sert à ça l'amour !

O Telefonema

[sinal de ocupado: ninguém em casa: navalha na pele]

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Hello hello is anyone home?
Hello hello just pick up the phone

I opened up my life to you
I told you everything I knew
You listened so closely to
You listened so close when love was just a way out
But you're going deaf now
Yeah you turned your head around


You blew up the world I built for us
Destroyed our secret universe
Threw out the trust I put in you
Making me feel like I've been used
And now I'm reminded
That I was just blinded

Hello hello is anyone home?
Hello hello just pick up the phone
You'll be sorry to hear I'm doing fine now
Sorry to hear you're without me now

I'm doing fine
You'll be alright
[…]
You're doing fine
I'll be alright
Just give me time

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Angústia

Sensação amarga que esmaga e não cura. Dor que consome, nunca alivia, congela.

Era uma vez...

Olhos cerrados, as lágrimas escassas e a vida percorrendo a janela do seu quarto, dos muitos quartos daquele prédio.
Em seu criado-mudo apenas palavras sobreviventes da eternidade que já não se faziam graça aos sentidos da menina.

A seda que cedia ao sono de um tempo que ela conhecia por ser o tempo dela e de não mais ninguém. Não era verde, não era roxo, não era cor-nenhuma. O quarto cinza, a madeira velha, o espelho embaçado o bastante para enganar a menina que mudava, enganava, roubava, estragava os móveis daquele cinza-quarto-de-ninguém. Era o mundo que ela queria mudar, enganar, roubar e estragar e, de tanto querer, não queria mais.

Ventava forte naquela noite e seus pensamentos voavam perdidos para longe, bem longe. Faltava-lhe equilíbrio para alcançar a janela e culpava-se por não ter sapatilhas de bailarina. E como sobreviver ao frio da noite-vida? Encontrar a janela, mas não alcançar, não querer alcançar, ou queria, não sabia saber. Calculava a raiz quadrada de seus passos, e tirava a prova dos nove para garantir erro algum naquele tão precioso esforço de que nada valia. Fingia um equilíbrio que não conhecia. Apoiava-se nas cores mortas de um jardim que ali nunca existiu e contentava-se com aquela beleza morta de que nada coloria.
A jornada de uma vida inteira presa por não alcançar uma janela. Uma simples e maldita janela que ao nascer recusou o choro da criança-menina de outrora.
Nenhum sol mais girou naquela vida inteira até que ela ergueu-se lentamente e encontrou ali uma fresta para o velório de seu um dia quase-amor-perfeito.

A menina-mulher cerrou a janela,
os olhos,
os sonhos,
a alma.

Deixou cair o sorriso falso e não mais se encontrou.
Partiu dali.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Tempo de estampar a dor: fazer morrer para fazer viver


Te vejo errando e isso não é pecado,
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Te vejo sonhando e isso dá medo
Perdido num mundo que não dá pra entrar
Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar ao menos mande notícias
Cê acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido
Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar a minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se
curam
E essa abstinência uma hora vai passar...



Adeus você

[um primeiro dia, um primeiro de muitos sem você. todos. respiro fundo, seguro o peito e vou para o lado de lá]


Eu hoje vou pro lado de lá
Eu tô levando tudo de mim
Que é pra não ter razão pra chorar

Cuida do teu
Pra que ninguém te jogue no chão
Procure dividir-se em alguém
Procure-me em qualquer confusão
Levanta e te sustenta

Quero ver você maior, meu bem
Pra que minha vida siga adiante

Adeus você
Não venha mais me negacear
Teu choro não me faz desistir
Teu riso não me faz reclinar
Acalma essa tormenta
E se agüenta, que eu vou pro meu lugar

É bom...
Às vezes se perder
Sem ter porque
Sem ter razão
É um dom...
Saber envaidecer
Por si
Saber mudar de tom

Quero não saber de cor, também
Pra que minha vida siga adiante

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Walking With A Ghost

O AMOR não é uma promessa. Não a mim. O AMOR é um desenho cravado ao peito que faz da pele, alergia.

O AMOR não é verdadeiro, ele morreu em você, tristeza em mim.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Um eu que é meu

"Não se preocupe em me entender.Viver ultrapassa qualquer entendimento, por isso suponho que me entender não seja uma questão de inteligência e sim de sentir." CL


Sinta-me.

Miau

Eu amo de um jeito bicho, mansinho de gato. E de gato, me enrosco nas tuas pernas, te cuido felina e te sossego num dengo de amor só meu. ...