domingo, 29 de novembro de 2009

segredos de liquidificador.

tenho sofrido do que chamam vida. e para cada dor, um suspiro a menos. brinco de vida sem sequer saber soletrar ar puro. e brinco como quem sorri aos dentes. não temo o que me deves, a morte e a vida num só tamanho. sou tantas que morro apenas em domingos quentes. e é de calor que transpiro o que me queima quieto. é sofrimento unilateral que cala o que sente. não canta nunca.
amo tanto que explodo sempre em nostalgia do que não foi. é. e numa vida inteira, me recorto em papelotes mil. não sou inteira. sempre uma meia verdade. eu apenas sou. crise das mais banais. sou meu próprio diabo.

e tenho sempre dito o que na vida encontro por aí. sou baú do que é belo. e ao peito, guardo o vermelho em punhado de vidro, um espiral inteiro, teus olhos, o meu ventre e todo o mundo em lá menor.


ah! se pudesse num único poema dizer o mundo que sei..segredos dos mais diversos num peito de dois corações.

Eterno Retorno

“E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: “Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e seqüência – e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores , e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez – e tu com ela, poeirinha da poeira!“




quarta-feira, 18 de novembro de 2009

meu nódulo esquerdo

É esse cheiro que vicia.
É no estômago que prende o ar.

Contágio em grau zero.

É neste cheiro que me vejo.
E no teu sorriso que reflete o que se come
na madrugada de um dia inteiro.

Felicidade gratuita que desafina.

E é no teu gelo que me dissolvo toda.
Na tua ponte me vejo pra sempre.
E é sonho em notinhas de Natal.

Os teus segredos,
minha vida inteira.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

retoques

o que quebra se perde
e distante
reflete o que morre
e desmorre.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

drama, drama, drama.

meu mundo caiu.
desabou sobre o drama do laranja em saltinho de cristal. nada vermelho. unha em toque de ira destilada em água suja. desabou sobre a falta do que segura, derruba.
e desabou mais embaixo. dia que não acaba nunca, só começa.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Teu Nome

Teu frio na pele fresca reluz o que não é teu. Pernas que suspiram tua liberdade frouxa de guerras vencidas. Te matei na pobreza dos teus olhos que viveram renegados de amor.
É próprio o que te faz Ontem.

Dona Traição

Bela. Belísssima. Era ela, minha Dona. E de longe, sempre tímida que só ela. Era dada entre as saias. Lábios que se quebram em força bruta.
Teu sorriso tinha curvas. E era assim o teu engano. Chama em brasa quente. O teu cigarro latente em xícara de porcelana. Sempre afiada, a tua era a palavra. Era desejo.
Tua carne saltava os olhos e tua fumaça sequer dava paz. Rodopiava louca até mim.
Até mim, que errei o caminho do coração e tomei a rua errada pra te perder.
E ela, sempre ali,não desistia do que era noite em mim. E na graça do meu semáforo, parti no verde enquanto o teu cigarro queimava ardente aos dentes.
[hoje tenho GPS. não erro mais a avenida principal]

Miau

Eu amo de um jeito bicho, mansinho de gato. E de gato, me enrosco nas tuas pernas, te cuido felina e te sossego num dengo de amor só meu. ...