quinta-feira, 12 de julho de 2012

Abraços partidos


Não era de todo deselegante, mas me olhava numa reprovação única. E eu, quieta de tudo, refutava o que não era dito. Sequer escondido. Não era segredo, afinal tinha desejo. E é do desejo que mais me lembro. E do detalhe do seu jeans.

Para tudo, existe um começo e um salto pra combinar com o vestido.

E foi assim que me vi numa cama que não era minha e sequer pertencia. Teu lençol encardido em teu vinho tornado, eu estava pra ti como quem se deixa levar.

E partia sempre por tuas ondas, por tua fumaça bailante e teus desprazeres fugazes. Tua janela aparente num mistério íntimo. talvez assim que tu tenhas me ganhado. Te fazia crer que não, mesmo sabendo que sim.
E quanto mais eu sorria, mais tuas mãos procuravam por mim. Eu provocava. Desfilava e fiava o que me escondia de ti. E não me cansava disso. No teu jogo, eu sempre perdia. E tu, de todo apaixonado, tinha carinho no que me aquecia. E jurava amor por entre os seios. Mesmo que a música arranhasse os ouvidos ou o vinho adoçasse, tu me tinha entre os livros. Os primeiros da prateleira. Eu estava nas letras, nunca nas vírgulas. E tu me escrevia em tinta vermelha. E me lia sereno.Eram tantas as pernas, as unhas e as vozes trocadas.. tuas roupas nas minhas e meu corpo na cama. No chão. Na escada e em todos os cômodos da tua casa. A minha oração era inculta. E o teu gozo, um eterno retorno para o que se é ventre. O começo da história na falta do teu nome e na barra do teu jeans.

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Miau

Eu amo de um jeito bicho, mansinho de gato. E de gato, me enrosco nas tuas pernas, te cuido felina e te sossego num dengo de amor só meu. ...