sábado, 24 de novembro de 2012

aposentadoria

nessa overdose toda, me redimo em caio. me redimo nua nessa cidade tão crazy e na neve seca que me golpeia. e caio  no sem volta de mim, de propósito. me empurro como quem lança dados na mesa suja de bar nenhum. e nesse nó dolorido, coisa de marinheiro, engasgo aflita no fio da noite. New York é cidade da vida inteira e sabe ser casa, mesmo na falta de capacho. ou na falta de luvas. e nessa overdose toda, a ausência se faz em espelho público, curva da 5ave com 42st. abaixo de zero, caio insiste, enquanto eu cedo tinta e papel:


E hoje não. Que não me doa hoje o existir dos outros, que não me doa hoje pensar nessa coisa puída de todos os dias, que não me comovam os olhos alheios e a infinita pobreza dos gestos com que cada um tenta salvar o outro deste barco furado. Que eu mergulhe no roxo deste vazio de amor de hoje e sempre e suporte o sol das cinco horas posteriores, e posteriores, e posteriores ainda.


caio persiste em mim.

Miau

Eu amo de um jeito bicho, mansinho de gato. E de gato, me enrosco nas tuas pernas, te cuido felina e te sossego num dengo de amor só meu. ...