segunda-feira, 25 de maio de 2009

O Quarto 9

O último desejo levado às alturas. O quarto 9 não poderia pertencer, sequer ser pertencido. Era inóspito e dolorido. O último desejo. O quarto 9 era de dor; dor dos fracos que morriam. E por ser fraco, era ainda vida, e precisava morrer. Todos sabiam. Todos se entreolhavam. Contávamos as horas como toda mulher que conta o seu dia fértil. Era íntimo demais, e mesmo assim, eu contava por ele. Ele que pertencia e não mais sonhava. O que era fértil, nunca brotava. O que era vida, murchava e o que cantava, agora rezava. Sinto falta do homem do quarto 9. Uma parte de mim e de todos, uma parte de amor, verdadeiramente amor, como não se ousa comprar em qualquer prateleira de importados. Dali, partiu, soltando-se do corpo, deixando os ossos, parando o coração. Não o amor, mas o quarto 9. Levado às alturas, o último desejo.

Um comentário:

valéria telles disse...

Nanda, toda vez que mastigo as suas palavras, sinto vontade de escrever, de publicar seus contos...você inspira...parabéns!

Miau

Eu amo de um jeito bicho, mansinho de gato. E de gato, me enrosco nas tuas pernas, te cuido felina e te sossego num dengo de amor só meu. ...