quinta-feira, 2 de abril de 2009

[rabiscos dela] [primeira inspiração]

Aquelas horas permaneceriam fixas como figura traçada
Com exatidão e cores tão uniformemente distribuídas,
Quase retrato da Perfeição.

Mas se perfeição pudesse ser reproduzida, com contornos, pinceladas, sombras ou luzes... Tela púrpura, cinza e azul! E se dessas cores se fizesse paisagem, se eu a guardasse em uma caixinha de prata,
Protegida da amargura que o tempo traz!
E se eu nunca mais a abrisse,
E se eu somente trouxesse nas mãos uma chave,
E a lembrança, e a saudade...
Sim, eu a manteria bem perto, ainda que nenhum dos Homens da Terra a pudessem ver,
Nos meus sonhos ele seria viva, sublime, eterna.

Mas aquelas horas, por serem reais,
Quase perfeitas,
Por não serem retrato e por moverem sem rítmo,
Por não terem forma, cor ou som,
E ainda assim, trazerem tudo isso tão perto!
E trazerem a dor e o perfume...
Aquelas horas não serão guardadas.

E por serem tão indefinidamente belas
E tão intensamente saboreadas,
Aquelas horas flutuarão sorrindo
E de longe talvez dirão adeus.

[Luana Rodrigues]

Um comentário:

Levi Agreste disse...

lamentável não ter como guardar esses momentos de maneira mais concreta... mas no fundo acho melhor assim, porque quando guardamos só no pensamento, esquecemos das partes imperfeitas e o momento se torna realmente perfeito... pelo menos é assim que eu lembro das coisas :]

Miau

Eu amo de um jeito bicho, mansinho de gato. E de gato, me enrosco nas tuas pernas, te cuido felina e te sossego num dengo de amor só meu. ...