terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Terra Molhada


Era manhã de segunda-feira. Janelas abertas e o vento forte. Antes mesmo de sentir com os olhos, preferi sentir com o cheiro de terra molhada que a mim se desenhou como aroma-casa. Moradia que declarava.... a declaração que anunciava: hora de viver (afinal navegar é preciso e viver também!).

A tempestade fora em busca de novas terras que desejavam um gole d’água, ou uma enxurrada dela. Quem saberia? Espreguicei-me toda. A começar pelos braços postos sobre o meu rosto e as pernas que tentavam alcançar a algibeira. Estava de ponta-cabeça e se quer havia notado. O lençol, entre mim, deu-me nó. Nó que ri. Olhei para o lado e preferi sentir com o amor-retrato de tempo algum: aquele de mim, você, dele, dela.

Sorri de volta a todos eles e caminhei distante em direção ao espelho do cômodo ao lado.


Olhei-me. Era eu, toda remela.

Naquele instante, em que nada vi ali, a não ser um retrato real do que em mim sobrou, recompus-me. Fiz-me sonhos, novos todos. Fiz-me vontade, fiz-me feliz. Desejos de uma menina-mulher que hoje respira aliviada e ora os estilhaços causados às vidraças de toda uma vida inteira.

Hoje, desenho-me novamente e, aliviada, sigo o meu caminho ao norte.

2 comentários:

Cosmunicando disse...

lindo isso... aqui os nós também se fazem =)
obrigada pela visita

tomazmusso disse...

que coisa linda isso hein...é uma coisa que a-colhe. a foto é maravilhosa, me lembrou de um lugar que foi um pouquinho meu e onde me senti muito bem. a vida íntima...

Miau

Eu amo de um jeito bicho, mansinho de gato. E de gato, me enrosco nas tuas pernas, te cuido felina e te sossego num dengo de amor só meu. ...