Era tarde lá fora. Escurecia o dia no coração da Menina que acabara por receber o diagnóstico de uma vida inteira: M-I-O-P-I-A.
Ela sofrera a disfunção de seu olhar por tanto tempo que agora o sofrimento era inevitável.
A Menina chorou e se fez chorar.
Lamentou seus sofrimentos e angustias naquela tarde escura que, pela primeira vez, o verão adiou sua graça, dando espaço para a outonal estação das folhas mortas. Todos os sonhos, as doces melodias, os erros perdoáveis, a outra menina, as vozes de saudade, as juras de amor e o porvir da eternidade estavam findados diante a realidade de seus novos olhos de vidro.
Tudo agora era cinza, poluído, impossível e perdido. Todo o futuro se refletiu numa lembrança apenas de um passado que não foi. A Menina se sentiu Julieta, traída por seus anseios e desmentida por acreditar, apenas acreditar que um dia... ...um dia conseguiria terminar essa frase que agora ganhara um especial ponto-final.
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