O microscópio dos olhos é fascinante quando míope. O que perto demais não se torna monstro? Que universo é esse, disforme do que de fato é? Não é.
Coloco-me entre lentes, e vejo o que não quero. Tapo com a mão, evitando que exista algo do outro lado. Abafo o ar pra fazer morrer. Não morre. Não é. E não resisto também. De perto, não me reconheço tão bem.
E os olhos ardem, como se não fossem feitos pra ver o que de perto vê. E esqueço quem são olhos. Do outro lado, danço a sedução tão calmamente. E pisco devagar, olho devagar, falo devagar. Sou dançarina noturna que perde às vezes a hora de parar. E rodopio descalça, como quem precisa fincar os pés no chão. Sinto a terra quente em mim e tudo, como roda-gigante, roda sem parar em mim.
Aumento o som e repito de fora: Call me, don't be afraid, you can call me, maybe it's late but just call me, tell me and I'll be around. Repito pra anestesiar os sentidos. E cedo, transpareço demais a menina em mim.
Tomo doses de mim mesma homeopaticamente às sextas. Faço pra me sentir em mim e saber o monstro que tenho aqui. Não o alimento, apenas finjo ser o que não é. Um monstro em mim.
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