"Chovia tinta. Chovia e não molhava." Ela dizia sem ar. Dizia pra dentro. Só ela ouvia. Ouvia também Tom Waits. Baixinho, cantarolando em vogais surdas uma canção azeda. No quarto de um hotel, não importava qual, ela dizia como oração. Pausas para o café, se esquecia do adoçante. "Chovia tinta..." E retornava para a mesma saia.
Era tão religiosa que dormiu ajoelhada e perdeu, lá fora, o arco-íris que nascia.
2 comentários:
menina, esse espaço é incrível!
um beijo.
tentar ganhar e perder.
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