Tenho crises. Tantas que me perco em cores. Combino vestidos em pano cru aos laços das saias soltas: me solto. E rodopio louca. Não paro nunca, nada me cansa o que sangra.
Em tantas, sei bem quem ama o que se quebra. O que se parte em dois, ou três. Estilhaços ao piso frio, pés que amam e coração em mim que rodopia. Não paro nunca, nada me cansa. Os pés que sangram.
E em voltas frouxas, anoiteço tonta. E não paro nunca.. artefato de análise pura, divã que ostenta o peso, anel de casamento. Engajo em meus contornos, enfeites que deixo, não abro. Transgressão tardia que violenta os desejos. E não os tenho, passo leve, deixo o ponto, perco a fuga, afasto o que rompe, rodopio louca. Não paro nunca, nada me cansa o que sangra.
E o que sangra é o que torna e não para, torna, e não para, torna e, por fim, distorna. Em mim. Não para nunca.
Tenho em mim o insatisfeito. E é de carne, carne que fere, levanta, carne que ama, desama, carne que sangra e não para nunca.
Esfrego o sangue que mancha a porcelana dos dentes, esfrego aflita como quem cansa ou ama. Como quem, em segredo, conhece o que finda a liberdade do que pendula o ventre. Mergulhos impensados em crises avulsas. Condenativas em teorias que transgridem. E é na dança, que escondo o que vejo em olhos que rodopiam. Queísmo inútil! Sou o que se tem desde o início, sou o vício que te afugenta, a carne que te alimenta, a curva que te enfeita, sou o que se foi, o que se é, o que (quem sabe?!) será de novo. Sou o que transita entre o verbo e a vírgula. E é por isso que te digo, baby:
- Não paro nunca, nada me cansa, nada me sangra.
4 comentários:
porra!!! vc existe??? te absorvo a cada gota, de vdd.
gostei disso.
meu preferido até agora :)
Maravilhoso, isto. Invejo a força de sua poesia, sua coragem de não represar os sentimentos e sensações e a energia para lhes dar expressão.
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