Um roteiro, o da minha vida, por favor. Nasço e partida, corro aos seios daquela que me olha linda, sem nojo: amor à primeira, segunda e terceira vista. Cresço aos poucos, por ora menina, quieta, calada de tudo. Observo e não me canso disso. E mais aos poucos ainda, torno-me mulher, amante, esposa e até mãe, de mim mesma, de uma ideia de mim (apenas). Aborto amores, condenam-me corações, choro até secar o corpo inflamado de tanta dor. Amo desmedidamente. O lado negro e masoquista do que é dor.
Tive dores, tantas que preferi às flores. Descobri em mim poesia amanhecida, café borrado, vidros estilhaçados. Descobri em mim uma verdadeira serial killer do que me alimenta e ausenta em mim, do que é ar, do mais puro, puríssimo: amor. Um roteiro sentido aos ouvidos de um phillip glass. A intensidade à revelia, a sincrointensidade, roxa e verde, cinza, todas as cores: uma aquarela de sentidos tontos, partidas e vindas, uma new yorker perdida em quinta avenida. Uma veia saltada e nada mais. Um roteiro, o da tua vida, por favor.
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