[recordando antigos textos, encontrei-me neste:]
Tiraram-me a luz. Prometeram devolvê-la em estimados 9 meses de espera. Mentiram. Estou nua, com meus desejos fluindo ao corpo que não (re)conheço, olhos trancados. Seguro minhas perninhas e conto os dedos. Descubro 5 em cada mão e já os amo cada qual por sua forma. Não respiro. Inspiro. Memórias sufocadas na maternidade. Ligo-me a você. Conexão que engasga, consome, alimenta. Os dias, arrastados, pés de bailarina que invadem a sala de jantar. Geléia de amora. O gosto é de você com pedacinhos que distraem o paladar. Enquanto dorme, suas mãos buscam por mim. Um segredo. Deleito-me nas horas de ninar, sua cantiga, palavras macias, embalam-me no quentinho de você. Esqueço. Imagino-a, olhinhos tão lindos, de que cor devo pintá-los? Verde, sim, descubro minha predileta cor. Olhinhos verdes: meu presente a você. A construo e desconstruo a todo segundo. Meu vício é você.
O que fiz para que a mim se abortassem os sonhos? Queria meus olhinhos nos seus, descobrir a cor, queria o toque.
Nascimento que nunca vingou: aborto passional.
6 comentários:
Gostei desse... meio, relacionamento simbiótico e destrutivo.
Esses momentos são bons porque nos fazem amadurecer, perceber coisas novas...
Obrigada pela visita! Gostei muito do blog. É verdadeiro!
me impressiona esse texto, preciso ler de novo,em outro momento com outro corpo. obrigado pelas visitas. e tô acompanhando seu blog hein! Bj
Deixou-me a pensar... Talvez amanhã ao relê-lo o interprete de outra maneira.
Obrigada pela sua visita e até breve.
Uma contextualização magífica, um conto muito criativo e coeso!
Parabéns pelo blog!
Completamente emocionada!
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