terça-feira, 1 de julho de 2008

Diário de uma puta

Eu desejei você. Pra mim. E, de todos os desejos, apenas os teus em meu mundinho imperfeito eram felizes. Eram perfeitos e não cantavam a ninguém. Era pra mim. Eu sei. E me prendo do que sei pra não enlouquecer os pulsos que se cortam com toda a doença do mundo. A doença do amor que irrita a pele e insiste no mundo. A tua janela.
Enganei-me na verdade de tê-la todas as noites; no íntimo do meu coração e de meu peito romano. Te entreguei o que pulsa. Te entreguei em vermelho. Te entreguei meu coração e de nada restou. Ar que contamina e solta o roubo cometido. Calúnia de esquerda!
Te dei as minhas origens e meu passaporte, fugi com você e aqui fiquei. Metade minha no que te faz bem; outra no que me mata. Achei que fosse tempo, tempo esse de você e eu. Euvocê, sabe como é! Mas esse tempo não chegou. Tudo balela! O relógio parou antes. E não a mim, não em meu caminho, não chegou. Você não olhou pra trás. Lembro bem. Não ventava e era quente. Partiu de mim, livremente num abril trancado ao peito. Atravessou a avenida às 7. Semana triste. Sem beijo de despedida, apenas rancor por me fazer traída. Eu sei, no fundo, tu sabia que aquele seria o último dia. Tu sabia que não me amaria. E permitiu que eu atravessasse a rua. Correu. Me amou, traiu e fugiu pra sempre. Você me exilou do meu próprio amor e quando achei que voltasse[...] reticências tomaram a ordem. Enquanto achava, tu me perdia. E eu atrás, jurando amor, por teu nariz italiano, tuas cores, tuas falhas convencidas de si mesma: eu jurando amá-la como nunca me amei. Falta do que é próprio, falta do que é amor. Eu me perdi de mim. E nessa falta, tentei te dar pés e cabeças. Ah! Um pouco desse amor por ti, faria-me completa, faria-me bem. Por isso tu me roubaste, por ter a quem amá-la, tu comeste meu coração em conjugação acadêmica. Sem as vírgulas de uma tempestade ou a candura de tua cadência. Trocadilho infernal de um dia luísa.
Você que te fiz dama, enquanto era puta de todos, com o sexo barato e o perfume vencido. Você que amei e amei e amei e te quero em 10 anos no pé de paris para um chá e o lamento do que ficou pra trás. Você em segunda-pessoa, nunca primeira. Verbo que transita e goza o teu calor. Puta de quatro letras e um suspiro bruto que queima. Falta de ar que pula. Trampolim acidental. Teu coração é de titã.

Ao menos, baby, tu és puta do estrangeiro. Aqui, no Brasil, tudo continua o mesmo. E Caetano, diria o quê de tuas putices se tu não fosses tão linda?

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Miau

Eu amo de um jeito bicho, mansinho de gato. E de gato, me enrosco nas tuas pernas, te cuido felina e te sossego num dengo de amor só meu. ...