sexta-feira, 2 de novembro de 2007

[amor de tirania]

O COMEÇO

Gargalhadas, cada qual com o seu antigo amor a tiracolo. Mais gargalhadas embebedadas no doce-amargo da cerveja e, então, cerejas. Sim! Com direito a mais gargalhadas e um pouco de tontura ao pedir a conta que não chegou a ser finalizada naquela noite. Palavrinhas aqui e ali que mascaravam apenas o desejo. Até então, apenas desejo de tocar o impossível e conter-se com o possível.

AQUI

Já não havia mais gargalhada. A casa escura, o desejo sufocado, a vontade pedindo por socorro. Discussões, perdões, arrependimentos e a falta da palavra AMOR. Sim, tudo por 1 palavra que tentara suicídio no dia em que eu anunciei mais um SIM de sábado chuvoso ao toque das doze batidas.

Pare! Quero descer! O ponto final ainda é distante e preciso de ar: ar para tragar, entender, não-aceitar, simplesmente aceitar, talvez viver.

ALI

Não mais tão próximas, não mais na mesma música. Talvez separadas por quase todo um continente. Mais distante que a via-sacra entre New York e São Paulo. Antes tantos sonhos, agora apenas a não-vontade. Antes tantas semelhanças, hoje apenas as diferenças de dois corpos que não mais sentiram o “eternamente” estremecer seus corações.

Pare! Ela quer descer! O ponto final ainda é distante e ela precisa de ar: ar puro, talvez.

O MEIO ÚNICO

Voltemos para mais gargalhadas. A trupe desfalcada, mas os protagonistas sempre em cena. Olhares trocados, apenas desejos que a “verdade brutal” ainda não permitia assumir. Pernas macias em mãos de seda. Antigos amores num cenário em que futuros amores ainda brotariam com força única. “Minhas unhas brilham! Veja!” Falei aos pés de seu ouvido. Mais gargalhadas. Hora da dança: corpos próximos, próximos como 1 único.
Um único que não perdia o compasso das músicas que rolavam soltas. Antigos amores capricornianos um piso logo acima e, aqui, amores arianos. Beijos loucos, desejos mortos tocando o céu dos nossos lábios. Amores antigos, novos amores, antigos-novos: assim, tudo num mix de apenas desejos reciclando a sua roupa desbotada.

Doses repetidas numa seguinte noite. Desta vez: apenas os novos amores. Os antigos? Ali, parados. Olhando, talvez. Desejando, quem sabe. Ou, provavelmente, odiando tudo aquilo.

(UMA PAUSA: O que é o destino? A sincronia das coisas, dos corpos de nós mesmos. O que é energia?
Duas novas teorias enraizadas na mesma filosofia: a vida.

Vamos tomar uma taça de vinho? Não, odeio vinho! Eu também! Então que tal uma xícara de café? Ótimo, o meu vício é preto, quentinho e com leite (assim como o seu). Uma xícara, por favor. A minha música? ‘I’m not a pretty girl’, conhece? Como eu poderia não conhecer a MINHA música? – mais gargalhadas - Não, é minha, mas aceito dividi-la com você. Preste atenção: apenas se deixarmos a feiúra para trás.
Agora?
Gargalhadas e sorrisos com direito a TUM TUM TUM e muita conversa para boi dormir.
Dormiu?
Elas continuam acordadas enquanto o leitor requer forçar para manter os olhos atentos e boi do começo da história dormir.)

PRIMAVERA: o primeiro amor

Início das flores. Cravados os 21 dias. Corpos, sem se entenderem, talvez por medo de a anestesia acabar e a dor detonar as feridas ainda recentes.
Feridas?
Quais?

Os corpos tornaram-se anestesias: o meu, o dela, o nosso. O recomeço.
...
..
.
.
.
.

Miau

Eu amo de um jeito bicho, mansinho de gato. E de gato, me enrosco nas tuas pernas, te cuido felina e te sossego num dengo de amor só meu. ...